O universo da agilidade é repleto de mistificações e erros de interpretação, sendo um dos mais perigosos a ideia de que os frameworks ágeis dependem exclusivamente do mindset para serem eficazes. O raciocínio por trás dessa ideia é geralmente o seguinte:
“Não adianta implementar o framework se a empresa não tiver o mindset ágil.”
Ao questionar os defensores dessa visão, frequentemente nos deparamos com a imagem que ilustra o ponto de vista deles. No entanto, é essencial compreender que os frameworks ágeis não foram simplesmente inventados; eles são um compêndio de boas práticas que já eram adotadas, especialmente por empresas que surgiram em contextos disruptivos.
Os criadores dos frameworks ágeis mais conhecidos tiveram a perspicácia de perceber que essas práticas constituíam um novo modelo de trabalho. Reconheceram também que esse modelo era superior ao tradicional (cascata) e possuía potencial para ser adotado em escala. Ademais, foram astutos o suficiente para criar nomes que se popularizaram, como verdadeiros “memes” do mundo corporativo.
Por isso, organizações disruptivas já nasceram com uma mentalidade ágil, e suas práticas exemplares evoluíram para formar o que conhecemos como frameworks.
Por outro lado, empresas tradicionais não possuem o mindset ágil como padrão de trabalho. Para elas, a aplicação disciplinada dos frameworks é crucial para promover uma transformação cultural efetiva. Frequentemente, a adoção de um único framework, como o Scrum, pode levar a ganhos significativos de desempenho, mas também pode deixar lacunas motivacionais nas equipes. Nessas situações, é comum a necessidade de integrar outros frameworks, como Management 3.0 ou OKRs, para resolver essas questões.
Os frameworks ágeis são, de fato, simples de entender, mas sua aplicação prática é desafiadora. Qualquer flexibilização ou adaptação não cuidadosamente planejada pode gerar confusão e comprometer a transformação cultural, resultando em baixo desempenho nas entregas.
Quando visito as Squads de clientes e ouço termos como “scrumban” ou “scrumbut”, é evidente que muitos não têm plena compreensão do que estão fazendo. Nesses casos, o primeiro passo é implementar o framework corretamente para restaurar a produtividade das equipes e a confiança dos Product Owners, Gerentes de Projeto e demais stakeholders. E, não, o “scrumbut” não se transformará automaticamente em algo eficaz por conta própria.
Portanto, é crucial que as organizações tratem a adoção de frameworks ágeis com seriedade e disciplina, evitando a armadilha de se apoiar exclusivamente no mindset e garantindo que as práticas sejam aplicadas de maneira adequada para alcançar os resultados desejados.
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